Metade da safra de feijão e milho está ameaçada, diz governo do Ceará

Seca compromete plantação em cidades como Capistrano e Crateús. Em 2011, CE teve recorde de produção de grãos, de acordo com o governo.

A falta de chuva neste ano impediu que as plantações de milho e feijão se desenvolvessem em várias cidades do Ceará. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), a perda da safra de feijão já chega a mais de 50% e, no caso do milho, a 60% no Ceará. Em Capistrano, a 100 km de Fortaleza, os agricultores plantaram 16 mil quilos de sementes, mas foram prejudicados com a “seca verde”. Em março e abril, a chuva não foi suficiente na região.

  “A gente fica por ali esperando qualquer hora chover e recuperar. Se chover agora no mês de maio, segura qualquer coisa, né? A gente espera qualquer coisa, pelo menos o feijão”, afirma o agricultor Francisco Xavier.

O agricultor Helenílson da Silva conta que plantou cinco hectares de milho e feijão neste ano em Capistrano. Agora, ele trabalha retirando todo o mato que prejudica a umidade do solo na plantação. Em Capistrano, as espigas de milho não têm se formado ou, quando crescem, ficam sem nenhum grão.

O agricultor Raimundo Silva afirma que conseguiu colher algum feijão, mas bem menos do que esperava. “Amanhã a gente vem apanhar aqui de novo para ver se dá para comer outro dia. Daqui a pouco, não vai ter mais de onde tirar, vai ter que caçar outro meio”, afirma o produtor de Crateús.
Cerca de 99 municípios estão em estado de alta vulnerabildiade ou em média alta vulnerabilidade. Ainda segundo dados da SDA, o ano de 2011 registrou a produção de 1,23 milhão de toneladas de grãos, safra recorde que superou a de 2006 em mais de 12%. A expectativa em 2012 não é a mesma do ano passado.

A estiagem atinge os pequenos agricultores que são maioria no Ceará. Eles plantam na quadra chuvosa para ter comida durante todo o ano para a família e para os animais. A seca deste ano já está na memória dos homens do sertão do Ceará. O agricultor Miguel Pascoal da Silva afirma que nunca viu um ano tão ruim como em 2012. “Já tinha visto ameaça, mas, para perder assim total, não. Estou vendo este ano”, diz. Para o Francisco Xavier, a estiagem vivida atualmente é comparada a 1977. “Não foi muito bom, não. O meu milho se perdeu, meu roçado se perdeu. Não colhi nada”, conta.

Seca verde


A “seca verde” é mais branda com o feijão porque é uma cultura que precisa de menos água. Diferente do milho que precisa de chuva para se desenvolver e está mais frágil às condições severas da estiagem deste ano. 
“A cultura do milho está em um estágio, praticamente, final. Aqui (Cratéus) praticamente não teve nem a floração da cultura”, explica o gerente do escritório da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará, Wilson Mourão Soares. Segundo especialistas, o momento mais crítico para o milho é o pendoamento, quando a parte masculina da planta fica exposta para polinizar a parte feminina. Nesta fase, a planta precisa de mais água porque é quando se formam as espigas.

Fonte: G1 CE

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