'Foi um mal-entendido', diz advogado sobre prisão de radialista

Operação da polícia prendeu Mução em Fortaleza. Advogado diz que já entrou com pedido de habeas corpus.

Advogado diz que já entrou com pedido de habeas corpus (Foto: André Teixeira/G1)Advogado diz que já entrou com pedido de habeas
corpus (Foto: André Teixeira/G1)

O advogado do radialista Mução, Waldir Xavier, afirma que o suposto envolvimento do humorista com crimes de pedofilia foi um “mal-entendido''. "Uma possibilidade é que alguém tenha acessado conteúdo com pedofilia no computador dele. Daí se gerou um mal-entendido", afirmou o advogado em entrevista coletiva nesta quinta-feira (28) na sede da Polícia Federal (PF), em Fortaleza. A operação "DirtyNet" realizada nesta quinta-feira em 11 estados e no Distrito Federal prendeu o humorista no Bairro Meireles, em Fortaleza, por suspeita de divulgação na web de material pornográfico infantil.


O radialista Rodrigo Vieira Emerenciano segue preso na Superintendência da Polícia Federal, em Fortaleza, segundo Xavier. Caso a Justiça aceite o pedido de prisão preventiva, solicitado pela Polícia Federal nesta quinta-feira, ele poderá ficar preso até a conclusão das investigações.

''Ele (Mução) já liberou o uso dos computadores e, ao longo das investigações, vai ser provado que ele não tem qualquer relação com o fato. Ele foi preso por um equívoco e vamos demostrar isso'', disse Xavier. O advogado diz que já entrou com pedido de habeas corpus alegando que Mução não traz riscos às investigações.

Materiais de informática que estavam com ele, como notebook e tablet, foram apreendidos para perícia. O radialista comanda um programa de rádio de humor retransmitido no Nordeste há 15 anos. Atualmente, ele é retransmitido em rádios de todo o país e é conhecido por aplicar pegadinhas por telefone.

“Tudo vai ser esclarecido. Ele não tem nenhuma participação. É profissional reconhecido nacionalmente. A partir das oitivas (depoimentos), a Polícia Federal vai constatar que ele não tem nenhum envolvimento”, afirmou o advogado do radialista, Waldir Xavier.

Prisões
Além do humorista, outras prisões ocorreram no Rio Grande do Sul (duas em Porto Alegre, uma em Esteio e duas em Santa Maria), Minas Gerais (três prisões), Paraná (uma em Foz do Iguaçu), São Paulo (uma na capital), Rio de Janeiro (duas na capital), e Espírito Santo (uma na Grande Vitória).

A PF começou a monitorar a quadrilha há seis meses através de redes privadas de compartilhamento de arquivos. Os suspeitos atuavam no anomimato. Os arquivos compartilhados pela quadrilha continham cenas de adolescentes até 12 anos, crianças e bebês em contexto de abuso sexual. As fotos não eram vendidas, mas trocadas entre os usuários.

Segundo a Polícia Federal, 97 estrangeiros e 63 brasileiros participariam da rede de pedofilia, trocando material contendo cenas de sexo explícito com crianças e adolescentes. Em todo o Brasil, 49 pessoas foram identificadas.

Perícia
Segundo a PF, o humorista teve a prisão temporária decretada pela Justiça Federal em Pernambuco. "Acredito que, pela materialidade das provas, [a prisão] pode ser transformada em preventiva", afirma a delegada da PF, Kilma Caminha.

A transferência ou não do suspeito para a sede do Recife depende da perícia que está sendo feita nos eletrônicos apreendidos com ele. "Se for constatado que há material pornográfico infantil ou adolescente, vai ser efetuado o flagrante e ele fica preso em Fortaleza", acrescenta a delegada.

A PF fez duas buscas no Recife, no antigo endereço residencial do suspeito, no bairro da Imbiribeira, e no comercial, no bairro de São José, além de buscas em dois locais em Fortaleza e um no Rio Grande do Norte. "A busca é uma complementação dessa arrecadação de provas, para que possamos ver se ele pode ser indiciado por outros crimes. Por hora, já temos comprovado que ele trocava essas imagens. Outros crimes estão sendo investigados", explica a delegada da PF.

De acordo com Nilson Antunes, diretor regional de Combate ao Crime Organizado da PF, os dados obtidos ao longo das investigações já comprovam o envolvimento do suspeito. "Já temos provas robustas da participação dessa pessoa no cometimento desses crimes. São provas técnicas que não temos como materializar, análise de transmissão de dados, de material de informática", afirma.

O suspeito teria se mudado para Fortaleza há pouco tempo, cerca de três meses. "Quando as investigações começaram, em dezembro, ele morava aqui no Recife. Identificamos residências dele em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte", afirma Antunes, que ressalta ainda a impossibilidade de dar mais detalhes sobre a operação. "Esse é um caso que corre em segredo de Justiça, todo cuidado é pouco", diz o diretor regional.

Fonte: G1 CE

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